:: Elisabeth Cavalcante ::
As crises, por mais dolorosas que nos pareçam a princípio, trazem em si a semente de um renascimento. Somente quando algo atinge um ponto insustentável, é que nos mobilizamos para sair daquela circunstância e buscar uma nova alternativa.
A tendência usual do ser humano é querer manter, a todo custo, a segurança, aquilo que é conhecido, onde ele se sinta absolutamente confortável. Entretanto, na segurança e no conforto reside igualmente a estagnação.
A segurança absoluta é uma ilusão, pois é contrária à essência da vida, que consiste em mudanças permanentes. Apesar disso, preferimos continuar nos agarrando à crença de que tudo é sólido e indestrutível.
Então, quando o inesperado se apresenta, perdemos o chão, pois nunca estamos preparados para viver sem aquilo que construímos. Nos momentos de perda, quando nos conscientizamos de que nosso mundo ruiu, nada do que aprendemos, nenhum conhecimento intelectual que tenhamos adquirido será capaz de nos servir de apoio.
É na segurança interior, na certeza de que a realidade material não constitui a verdadeira essência da vida, que podemos encontrar a base, o alicerce que nos manterá de pé, apesar de tudo. Somente esta certeza poderá nos trazer a serenidade para buscar uma saída.
E ela virá, quanto mais formos capazes de olhar para o lado e buscar em nossos semelhantes o apoio e a força de que necessitamos. O amor e a solidariedade são as únicas ferramentas capazes de juntar nossos pedaços e nos fazer acreditar que o novo sempre poderá surgir.
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