Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam:
"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
Ele ficou pasmo. Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo... Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Fiquei pensando sobre esta leitura e quanto temos ainda que aprender a (con)viver... será que ainda vamos demorar para entender que enquanto tiver um ser infeliz, com dor, pobre, com fome... não seremos felizes?
A questão é: "Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
O valor da vida está acima do valor do capital.
Como fazer se o atual sistema político e econômico privilegia 20% contra 80% da humanidade que sobrevive de migalhas?
Muitas vezes trabalhamos em cima de uma idéia ou de uma convicção tão obsessivamente, para "ajudar" aqueles que consideramos "carentes" ou para mudar os "inferiores"e não percebemos que eles têm o mesmo valor que nós. E até nos surpreendem, muitas vezes, com seu sentido ético e sua maneira de se relacionarem.
Falta ainda um pouco mais de tempo para compreendermos que não existe tal coisa como uma hierarquia cultural, ou seja, expressões culturais boas e más, certas ou erradas.
Na ação de cada gesto ou na consideração que fazemos do “outro”, só conseguimos olhar para o próprio umbigo e frequentemente nos vermos como modelo e referencial. Olhamos as outras manifestações culturais, outros valores, outras práticas sociais pelo nosso prisma, com os valores da nossa cultura.
A isso a Sociologia e a Psicologia chamam de "etnocentrismo".
Ubuntu significa: Sou quem sou, por quem somos todos nós.( ditado africano )
Mais Ubuntu -- - >> http://betosamu.blogspot.com/2010/08/ubuntu.html
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